Pensadores sociais transferiram
conceitos de evolução e adaptação para a compreensão das civilizações e demais
práticas sociais. O “darwinismo social”
nasceu desenvolvendo a ideia de que algumas sociedades e civilizações possuem
valores que as colocam em condição superior às outras.
Darwinismo
Social atual
Os
índios no Brasil
Indígena ou aborígine, como ensina o
dicionário, quer dizer "originário de determinado país, região ou
localidade; nativo". Aliás, nativos e autóctones são outras expressões
usadas, ao redor do mundo, para denominar esses povos.Essa palavra é fruto do equívoco histórico dos primeiros
colonizadores que, tendo chegado às Américas, julgaram estar na Índia.
Quando o Brasil foi conquistado,
existiam mais de 1000 povos indígenas habitando o território, cerca de quatro
milhões de índios. Atualmente existem 238 povos e, segundo o IBGE, 896.917 índios.
500 anos atrás, quando os portugueses
chegaram aqui, a relação dos europeus com os habitantes do novo mundo era
pacífica, segundo relatos. Entretanto quando os interesses econômicos floresceram
os conflitos começaram. E o sentimento de superioridade teve início. Os nativos
eram vistos como selvagens, seres primitivos e atrasados. Esse sentimento, característico
do povo europeu, é um fruto do Darwinismo Social.
No Brasil não é difícil encontrar alguém que pense, diga ou já tenha escutado, que os indígenas são preguiçosos, vagabundos, não gostam de trabalhar, são selvagens e atrasados em todos os sentidos. Foram dadas diversas características, sendo a minoria positiva e uma parte menor ainda sendo verdade. O preconceito se estabeleceu de tal forma na sociedade brasileira que penetrou a área jurídica. Os índios já foram considerados juridicamente incapazes, não podiam responder por si mesmos, necessitavam de tutores. Uma das heranças da colonização foi o descaso e preconceito com os índios.
Resenha sobre a visão de Charles-Marie de La Condamine, cientista e explorador frances, sobre a Amazônia e os índios que lá vivem.
"Sobre os nativos ele inicia corretamente destacando que os homens
originários da América meridional são inapropriadamente chamados de “índios”,
evidenciando que tinha clareza que estava diante de diversas etnias distintas,
o que até hoje não é adequadamente compreendido. Diz ele: “não se trata de
criolos espanhóis ou portugueses, nem das diversas espécies de homens
produzidos pela mestiçagem dos brancos na Europa, dos negros d’África, e dos
vermelhos da América, desde que os europeus aí entraram, e aí introduziram os
pretos da Guiné. São trigueiros e de cor avermelhada, mais ou menos clara”.
Mas em seguida aflora o preconceito europeu, sugerindo que todos os índios
tinham um mesmo fundo de caráter: “glutões até a voracidade, quanto têm de que
saciar-se; sóbrios quando a necessidade os obriga a se privarem de tudo sem
parecerem nada desejar; pusilânimes ao excesso, se a embriaguez os não
transporta; inimigos do trabalho, indiferentes a toda ambição de glória, honra
ou reconhecimento; unicamente ocupados das coisas presentes, e por elas sempre
determinados; sem a preocupação do futuro; incapazes de previdência e reflexão;
entregues, quando nada os molesta, a brincadeiras pueris, que manifestam por
saltos e gargalhadas sem objeto nem desígnio”.
La Condamine simplesmente procurava transportar para os povos que viviam na
Amazônia, os valores, as referências da Europa, como se estas fossem uma
espécie de bíblia social e econômica que todos deveriam seguir como, aliás,
pensavam e agiam os religiosos que procuravam converter todos os “selvagens” em
cristãos”
Situação
atual
Em pleno século XXI, com todas as
comprovações de que não existe uma nação superior a outra em termos biológicos,
pois a raça humana é uma só, ainda existem pessoas que enxergam a vida como se
vivessem na época da Colônia.
Artigo da Folha de São Paulo, colunista
expõe sua opinião sobre a mobilização em redes sócias a cerca do caso dos
Guarani Kaiowá e faz comentários preconceituosos acerca dos índios.
“19/11/2012 - 03h00 - Guarani Kaiowá de
boutique
As redes sociais são mesmo a maior vitrine da humanidade, nelas
vemos sua rara inteligência e sua quase hegemônica banalidade. A moda agora é
"assinar" sobrenomes indígenas no Facebook. Qualquer defesa de um
modo de vida neolítico no Face é atestado de indigência mental.
As redes sociais são um dos maiores frutos da civilização
ocidental. Não se "extrai" Macintosh dos povos da floresta; ao contrário,
os povos da floresta querem desconto estatal para comprar Macintosh. E quem
paga esses descontos somos nós.
Pintar-se como índios e postar no Face devia ser incluído no
DSM-IV, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
Desejo tudo de bom para nossos compatriotas indígenas. Não acho
que devemos nada a eles. A humanidade sempre operou por contágio, contaminação
e assimilação entre as culturas. Apenas hoje em dia equivocados de todos os
tipos afirmam o contrário como modo de afetação ética.
Desejo que eles arrumem trabalho, paguem impostos como nós e
deixem de ser dependentes do Estado. Sou contra parques temáticos culturais
(reservas) que incentivam dependência estatal e vícios típicos de quem só tem
direitos e nenhum dever. Adultos condenados a infância moral seguramente viram
pessoas de mau-caráter com o tempo.
Recentemente, numa conversa profissional, surgiu a questão do
porquê o mundo hoje tenderia à banalidade e ao ridículo. A resposta me parece
simples: porque a banalidade e o ridículo foram dados a nós seres humanos em
grandes quantidades e, por isso, quando muitos de nós se juntam, a banalidade e
o ridículo se impõem como paisagem da alma. O ridículo é uma das caras da
democracia.
O poeta russo Joseph Brodsky no seu ensaio "Discurso
Inaugural", parte da coletânea "Menos que Um" (Cia. das Letras;
esgotado), diz que os maus sentimentos são os mais comuns na humanidade; por
isso, quando a humanidade se reúne em bandos, a tendência é a de que os maus
sentimentos nos sufoquem. Eu digo a mesma coisa da banalidade e do ridículo. A
mediocridade só anda em bando.
Este fenômeno dos "índios de Perdizes" é um atestado
dessa banalidade, desse ridículo e dessa mediocridade.
Por isso, apesar de as redes sociais servirem para muita coisa,
entre elas coisas boas, na maior parte do tempo elas são o espelho social do
ridículo na sua forma mais obscena.
O que faz alguém colocar nomes indígenas no seu
"sobrenome" no Facebook? Carência afetiva? Carência cognitiva?
Ausência de qualquer senso do ridículo? Falta de sexo? Falta de dinheiro? Tédio
com causas mais comuns como ursinhos pandas e baleias da África? Saiu da moda o
aquecimento global, esta pseudo-óbvia ciência?
Filosoficamente, a causa é descendente dos delírios do Rousseau e
seu bom selvagem. O Rousseau e o Marx atrasaram a humanidade em mil anos. Mas,
a favor do filósofo da vaidade, Rousseau, o homem que amava a humanidade, mas
detestava seus semelhantes (inclusive mulher e filhos que abandonou para se
preocupar em salvar o mundo enquanto vivia às custas das marquesas), há o fato
de que ele nunca disse que os aborígenes seriam esse bom selvagem. O bom
selvagem dele era um "conceito"? Um "mito", sua releitura
de Adão e Eva.
Essas pessoas que andam colocando nomes de tribos indígenas no seu
"sobrenome" no Face acham que índios são lindos e vítimas sociais.
Eles querem se sentir do lado do bem. Melhor se fossem a uma liquidação de
algum shopping center brega qualquer comprar alguma máquina para emagrecer, e
assim, ocupar o tempo livre que têm.
Elas não entendem que índios são gente como todo mundo. Na Rio+20
ficou claro que alguns continuam pobres e miseráveis enquanto outros
conseguiram grandes negócios com europeus que, no fundo, querem meter a mão na
Amazônia e perceberam que muitos índios aceitariam facilmente um
"passaporte" da comunidade europeia em troca de grana. Quanto mais
iPad e Macintosh dentro desses parques temáticos culturais melhor para falar
mal da "opressão social"”
“A mobilização da sociedade civil é absolutamente fundamental,
porque o problema dos guaranis não é só de governança. Eles sofrem muito com a
violência e o preconceito crônico" Marta Azevedo, Presidente de Funai
(Fundação Nacional do Índio), em entrevista à Carta
Maior.
Raquel Fernandes nº25
Referências: