Para falar da transformação de Ernesto em “Che Guevara”, é
necessário entender o seu sentimento de revolta quanto à situação da América Espanhola.
O período colonial marcou profundamente o futuro do
continente. Indígenas eram exterminados por espanhóis e portugueses. Negros eram
subordinados ao trabalho escravo em situações inumanas. Os territórios eram
explorados: jazidas de metais preciosos arruinadas, terras antes férteis degradadas
com o uso compulsivo, florestas incendiadas.
A população era dominada – através de técnicas sutis - politicamente,
economicamente, militarmente, culturalmente e ideologicamente, sem
possibilidade alguma de manter raízes anteriores à colonização. Isso determinou
uma situação de dependência e subdesenvolvimento, a autonomia desses países não
se desenvolveu e a condição de subordinação permaneceu.
A grande ideologia por trás deste Imperialismo, era a palavra
de Deus. A missão que os europeus tinham de catequizar os desprovidos do
conhecimento de Sua palavra. Toda a cultura dos povos nativos foi enterrada
juntamente com os seus corpos exterminados.
Mesmo após as lutas por independência, os países
latino-americanos continuavam dependentes dos países mais desenvolvidos. A
exploração de minerais era intensa, e até politicamente havia interferências
por parte das potências mundiais.
As potências econômicas passaram a utilizar os países
latino-americanos como modo de expandir a economia Capitalista. Monopolizaram a
comercialização dos diversos minerais encontrados na região, e “incentivaram” à
industrialização e a implantação de empresas multinacionais, que na verdade só
beneficiariam as potências por utilizar da mão-de-obra barata e gerar cada vez
mais lucro aos países desenvolvidos, criando uma ilusão de que os países
latinos estavam crescendo economicamente. O incentivo ao comércio livre
correspondia, na verdade, à necessidade de novos mercados para o escoamento da
produção excessiva das indústrias europeias e norte-americanas.
Dentro deste contexto, nasce Ernesto Rafael Guevara de
laSerna, em 1928, em uma família de classe alta Argentina. Aos 23 anos, à 6
meses de se formar em Medicina, decide interromper o curso e viajar pelo
continente, de Buenos Aires à Caracas, com o amigo Alberto Granado em uma moto.
O até então Ernesto, nesta viagem interage com populações
dos diversos países que passam. Eles visitam minas de cobre e povoações
indígenas e leprosas que vivem em condições sub-humanas.Durante a viagem, a visão de tanta miséria, impotência
e sofrimento fez com que passasse a borbulhar um novo sentimento dentro de
Ernesto, uma revolta que crescia cada vez mais.
Quando
Ernesto volta à Argentina, passa a se dedicar à política. A sua personalidade
havia mudado completamente: Ernesto se transforma em alguém com pensamentos e
vontades revolucionárias, não consegue mais aceitar a situação que vivia a
população do continente. Neste momento, pode-se dizer que Ernesto é agora Che
Guevara.
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