sexta-feira, 31 de maio de 2013

Viva la revolución!

 Ernesto Guevara de La Serna vivia em uma família de boas condições e desde a adolescência era incentivado pelos pais a ler livros, entrando em contato com a literatura socialista. A partir daí tomou gosto por protestos e a participar de movimentos estudantis contra o governo populista argentino de Domingo Perón, no final da Segunda Guerra Mundial.

 Em 1951 junto ao seu amigo Alberto Granado partem para uma viagem, que teve início em Buenos Aires, na Argentina, com o intuito de conhecer melhor a cultura e os costumes da América do Sul, pelas quais só conheciam por meio de livros. O filme “Diários de Motocicleta” é inspirado nessas viagens mas não é uma biografia de Che Guevara, porém relata o início da sua vida como revolucionário . A obra que teve a direção de Walter Salles foi inspirada em livros que Che Guevara escreveu durante suas viagens. 

 Che visitou várias regiões carentes como, por exemplo, minas de cobre, povoados indígenas e leprosários. Ficou impressionado com a miséria e as péssimas condições de vida das camadas mais pobres da sociedade, estas que foram causadas  pelos europeus que sempre exploraram essas regiões desde a época das colônias visando somente o lucro. Essa desigualdade também é causada pela industrialização, introduzida nessa região pelos europeus e norte americanos que alegavam estar levando o país ao progresso e ao desenvolvimento enquanto na verdade era só uma desculpa para que eles conseguissem mais lucros e soberania. Como é citado no livro "As veias abertas da América Latina", a América virou um drama pois os habitantes ficaram sem empregos e vivendo em precárias condições. Para Che Guevara, essas visões foram extremamente impactantes e então ele decidiu que deveria lutar contra o imperialismo das grandes potências por uma mudança. 

Há uma passagem também no livro que expressa a visão que Che Guevara teve: 


 "É a América Latina, a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos
dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal
tem-se acumulado e se acumula até hoje nos distantes centros de poder. Tudo: a terra,
seus frutos e suas profundezas, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos. O modo de produção e a
estrutura de classes de cada lugar têm sido sucessivamente determinados, de fora, por
sua incorporação à engrenagem universal do capitalismo. A cada um dá-se uma função,
sempre em benefício do desenvolvimento da metrópole estrangeira do momento, e a
cadeia das dependências sucessivas torna-se infinita, tendo muito mais de dois elos, e por
certo também incluindo, dentro da América Latina, a opressão dos países pequenos por
seus vizinhos maiores e, dentro das fronteiras de cada país, a exploração que as grandes
cidades e os portos exercem sobre suas fontes internas de víveres e mão-de-obra." - Há
quatro séculos, já existiam dezesseis das vinte cidades latino-americanas mais populosas
da atualidade. Para os que concebem a História como uma disputa, o atraso e a miséria da América
Latina são o resultado de seu fracasso. Perdemos; outros ganharam. Mas acontece que
aqueles que ganharam, ganharam graças ao que nós perdemos: a história do subdesenvolvimento da América Latina integra, como já se disse, a história do desenvolvimento do
capitalismo mundial. Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia, nossa riqueza gerou sempre a nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos."

 No México, em 1954, Che conheceu e se juntou aos irmãos cubanos Fidel e Raul Castro, que estavam organizando um grupo guerrilheiro para derrubar o governo ditatorial de Cuba.
 Guevara tornou-se o médico da tropa, que desembarcou na ilha no final de 1956. Ao longo dos três anos seguintes, foi deixando a medicina para tornar-se combatente e líder militar, ganhando nessa época o apelido de "Che". Com a vitória do movimento revolucionário, em 1959, Che promulgou cerca de 400 (ou mais) sentenças de morte, os chamados "justiçamentos", contra adversários do novo regime. De acordo com O Livro Negro do Comunismo, ocorreram 14.000 execuções por fuzilamento em Cuba até o final de década de 1960.

 Estabelecido o novo governo, Che Guevara tornou-se cidadão cubano e assumiu papel ativo, como diretor do Banco Nacional e Ministro da Indústria. Em um discurso na Assembleia Geral da ONU, em 9 de dezembro de 1964, Che Guevara afirmou: "Execuções? É claro que executamos! E continuaremos executando enquanto for necessário! Essa é uma guerra de morte contra os inimigos da revolução!".

 A revolução cubana não tinha um caráter explicitamente socialista em seus primeiros momentos. A tentativa norte-americana de controlar o novo governo de Fidel, porém, levou este último a aproximar-se da União Soviética, no âmbito da Guerra Fria, e a aderir ao marxismo, criando uma vertente latino-americana do stalinismo, ou seja, a ditadura de um partido único sobre a sociedade.

 Guevara, por sua vez, não se adaptou à vida burocrática no regime cubano. Acreditava que toda a América Latina precisava ser transformada, através de revoluções sucessivas. Em 1965, deixou Cuba e estabeleceu um foco guerrilheiro na Bolívia, onde acabou cercado pelo exército local. Che foi preso em 8 de outubro de 1967 e executado no dia seguinte.

 O fato de ter deixado o poder em Cuba para vir morrer nos confins da selva boliviana, tornou Che um símbolo de determinação e coragem, respeitado até por aqueles que não compartilham das idéias socialistas. Sua imagem passou a representar a rebeldia, o inconformismo e a de liberdade da juventude, independentemente de concepções políticas e ideológicas.

 Ainda nos dias atuais notamos a admiração e a simpatia de adolescentes e jovens adultos na Europa e América Latina por Che. Não importa que o socialismo real não tenha dado certo na antiga União Soviética, em Cuba e em nenhum país onde se tentou implantá-lo.

 Mesmo assim, a imagem do "Che" reaparece em pôsteres, bottons e camisetas, que o consagram como um mito latino-americano, um símbolo eterno de coragem e rebeldia contra as injustiças sociais do mundo. Para isso, aliás, contribuiu muito a célebre fotografia sua tirada por Alberto Korda.




Referências: 
http://educacao.uol.com.br/biografias/ernesto-che-guevara.jhtm
 - Acesso em 26/05/13
http://ofabulosodestinodeap.wordpress.com/2011/01/31/resenha-critica-do-livro-as-veias-abertas-da-america-latina-de-eduardo-galeano/
 - Acesso em 26/05/13


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