sexta-feira, 22 de março de 2013

Longo século XIX e suas eras - Parte I (por Carolina Woods)


De 1789 - Revolução Francesa (política) + Revolução Industrial (economia) até 1914 - 1ª G.M.;

                           Nasce a sociedade capitalista:

o   Política liberal
o   Poder burguês
   o   Economia industrial
(Parte de princípios Iluministas - Liberdade, Igualdade e Fraternidade.)

                 X
        Sociedade antiga:
  o   Política absolutista
          o   Poder do clero/nobreza
  o   Economia agrícola


Era das Revoluções (1789 – 1848):


Após a Rev. Francesa, Napoleão Bonaparte domina e derruba vários reinos, com o objetivo de propagar o Iluminismo através da força e da repressão. Até que a Rússia, Prússia e Áustria se unem contra a França e derrotam Napoleão. (1799 – 1814).
Quando esse período revolucionário finalmente termina, o Congresso de Viena surge em um período de contrarrevolução que quer restaurar os reinos e territórios antigos através de 2 princípios: legitimidade (família, sangue) e equilíbrio do poder. Mas as ideias iluministas já estavam espalhadas pela Europa, então as tentativas de restauração duraram pouco, e a Burguesia passa a lutar pelo poder político do Estado.
A burguesia usa de 3 artifícios para alcançar esse poder, que são:
o   Unidade de classes contra o antigo regime (todas as classes contra o Rei e a favor do Liberalismo);
o   Disseminação do Universalismo (convencer todas as classes de ficarem do lado da burguesia, fazendo que elas acreditem que todas as classes são iguais, mascarando assim a desigualdade para que a burguesia possa dominar, afinal, a massa é inferior e incapaz de governar, ela precisa ser guiada);
o   Estado (é o instrumento que a burguesia utiliza para alcançar seus interesses: dominando através de leis, organizando a sociedade do modo que bem deseja).
Tentativa de restauração:
Luís se alia à alta burguesia, para tê-la do seu lado e manter o controle da situação, podendo assim voltar ao absolutismo vagarosamente. Carlos X era conservador e beneficia os nobres com a isenção de impostos e devolvendo terras perdidas anteriormente. A burguesia se opõe a ele e passa a ocupar o Parlamento (maior símbolo da Rev. Francesa), então o Rei o fecha e cria uma censura, o que causa ainda mais oposição por parte dos burgueses, que em 27/06/1830 fazem a 1º Onda Liberal (Jornadas Gloriosas) para derrubar o rei.
A alta burguesia só consegue derrubar o rei pois conta com o apoio das outras burguesias (média e baixa) e do proletariado.  Então, os altos-burgueses se aproveitam da queda do absolutismo e criam uma Monarquia Constitucional (Monarquia do Rei Burguês Luís Felipe de Orleans), onde o voto era censitário para que os pobres não pudessem votar. Quando a alta burguesia consegue o controle do Estado, ela não precisa mais de revoluções.
A média burguesia percebe que foi manipulada pela alta burguesia (assim como a baixa burguesia o proletariado), pois a alta burguesia os convenceu de que quando rei fosse derrubado, as coisas melhorariam para todas as classes, mas não foi o que aconteceu, já que a alta burguesia toma o poder e o usa para benefício próprio, sem se importar com as outras classes.



           Alta burguesia:
o   Banqueiros
o   Querem juros altos (através de empréstimos).
                    X
Média Burguesia:
o   Industriais
o   Querem investimento nas indústrias e ferrovias.



A Média Burguesia passa então a se opor e criticar a política da época, um dos métodos era o jornal National, que logo foi censurado/proibido pelo Rei. Eles criaram então a Política dos Banquetes, que eram “pic-nics” para discutir política (que também foi proibido). Mesmo assim, em 24/02/1848 (2ª Onda Liberal) a média burguesia organizou o “Grande Banquetão”, que abrangeu diversas regiões da França.

A obra "A Liberdade Guiando o Povo" representa  com clareza a burguesia,
                 sempre armada e revolucionária, e a massa, inferior e que precisa ser guiada.
 Nesse Banquetão, havia uma luta pelo voto universal, pela liberdade de imprensa e oportunidades de trabalho. Mas o que a alta burguesia não sabia era que, junto da média burguesia, estavam o proletariado e parte da Guarda Civil, que foi convencida através de argumentos ideológicos baseados na liberdade e na ordem da pátria. Com isso, o Rei foge e a República é implantada. A República da época contava com 3 possíveis ideias: a República Elitista (atendia os interesses da elite e só ela era capaz de governar, pois a massa é inculta, a República Democrática (formulada pelos intelectuais da época) e a República Social (daria origem ao futuro Socialismo).       

Mas mesmo com a implantação da República, a desigualdade continua e apenas os interesses dos que estão no poder é que são atendidos. Até que em 1848, o proletariado percebe que foi e está sendo manipulado, eles adquirem uma consciência de classe no momento em que percebem que seus interesses são distintos dos da burguesia e que deve haver uma separação. A ideia de separação passa germinar em diversas regiões, que se juntam para lutar pelos seus direitos. Essa propagação de ideias ficou conhecida como Primavera dos Povos.
Apesar do esforço, a burguesia vence e se torna a classe dominante politicamente e economicamente, dando início a:

Era do Capital (1848 – 1870)


É feito o processo efetivo de industrialização da França, e consequentemente, o Capitalismo se desenvolve amplamente. Uma 2ª Revolução Industrial é feita, quando:
o   O aço passa a ser produzido como uma liga metálica flexível;
o   Descoberta do petróleo, substituindo o carvão por possuir um potencial maior;
o   Descoberta da eletricidade.
Com essa 2ª R.I., ocorrem dois tipos de crescimentos: o horizontal (industrializar países e setores que ainda não são industrializados) e o vertical (agrega-se tecnologia a setores já industrializados).
Consequências:
o   Crescimento/ concentração/ monopólio do Capital.
Charge que satiriza a prática do Fordismo
 - Fordismo (cada pessoa se especializa em uma coisa, para que haja uma repartição dentro da linha de produção)
o   Crise de superprodução (dialética do capitalismo – produz-se tanto que a quantidade de pessoas para consumir se torna insuficiente). Foi necessário expandir os territórios capitalistas.

Doutrinas que justificam a ordem mundial capitalista:

o   Liberalismo
Adam Smith:
- Estado mínimo, não deve interferir na economia;                                         
-  Defesa da propriedade privada;                                                                                    
- Lei da livre concorrência, lei natural da oferta e procura;                             
- Individualismo econômico;
- Trabalho visto a partir das leis do mercado (contrato, jornada, salário.
  
David Ricardo
- Especialização da produção;                                                  
- Custo da mercadoria = tempo p/ ser produzida;
- Capital = reserva de trabalho já realizado;                                 
- Reforma agrária, importação e exportação,                              
vantagem comparativa ( o país que importa mão
de obra, exporta tecnologia e vice-versa);
- Salário suficiente para a subsistência.
  
o   Malthusianismo
Malthus desenvolveu uma teoria demográfica que se apoiava em 2 postulados:
1)      Crescimento populacional em PG (teoricamente, a população mundial duplicaria a cada 25 anos);
2)      Produção alimentícia em PA (o limite de produção existe devido ao território que não pode se expandir mais).
Com essa teoria, Malthus percebe que existe a fome no mundo, e cria algumas propostas para solucionar esse problema: diminuir o crescimento populacional, proibindo as pessoas que não tem terra para cultivar alimentos de ter filhos ou esterilizando as mulheres pobres, já que a culpa é dos pobres se eles não têm dinheiro para alimentar seus filhos.
A teoria de Malthus é falha em diversos pontos:
- A tecnologia se desenvolveu e os métodos anticoncepcionais foram criados;
- A produção de alimentos superou o crescimento populacional;
- O real problema da fome é a desigualdade e a má distribuição de renda.

 Teorias que criticam a ordem mundial capitalista:

o   Marxismo
Marx desconfia que a origem da desigualdade social vem da existência da propriedade privada dos meios de produção (= tudo que gera riqueza). Se toda a riqueza fosse distribuída igualmente, todos seriam ricos, porém a riqueza está concentrada nas mãos de poucos.
Ele cria o Materialismo Histórico Dialético, que é uma contradição entre algo que pode ser uma coisa e o seu oposto (a burguesia, antes revolucionária, quando alcança o poder se torna contrarrevolucionária; o monopólio do capital cresce tanto que gera uma crise de superprodução;). 
O conflito permanente do antagonismo é o que acaba levando à evolução: a derrota do proletariado na Primavera dos Povos, foi na verdade a maior da vitórias, pois a massa adquire uma consciência de classe onde seus interesses são distintos dos da burguesia, fazendo com que eles passassem a lutar pelos seus direitos e interesses, sem ficar nas “sombras” da burguesia. A história da humanidade é até hoje uma luta entre classes que faz com que haja evolução da humanidade.

Dialética:

Tese + antítese = síntese

Tese: Situação inicial      Antítese: Oposição       Síntese: Resultado do conflito entre tese e antítese
(nobreza)                       (burguesia)                  (proletariado)

As idéias dominantes de uma época sempre foram as idéias da classe dominante.
Karl Marx
Continuação após as próximas aulas de História Sociológica.

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