quinta-feira, 25 de abril de 2013

“Minha jornada...” - Por Daniel Silva



 

                         Voltar no tempo parece ser algo tão fácil quando não se é imposto a você, pois fazemos isso freqüentemente sem nos dar conta.

                Bem, nunca tinha parado para pensar em tantos temas diferentes como esses propostos, o que é muito interessante e curioso, contudo se existem as tais “perguntas que só as crianças fazem quando bem pequenas”, acredito que essas são as “perguntas que todo adolescente caminhando para a vida adulta” deveria se perguntar, porque parecem tão simples, mas descobrimos coisas grandiosas sem ao menos nos esforçarmos de certa maneira.

                Por que Daniel? Bom, até hoje realmente só sabia o significado e não o “por que” do meu nome; mas segundo o meu pai foi para me salvar. Sim, me salvar! Senão meu nome seria Misaque, então durante meus 18 anos de vida a única razão para o meu nome ser Daniel se justifica por ter sido um simples ato de redenção do meu pai, o que mais tarde (atualmente) implicaria em outro ato: o de agradecimento da minha parte.

                Sinceramente eu não tenho muitas lembranças da minha infância, me atrevo a dizer que nem a tive, ou melhor, não foi muito marcante; então não sei ao certo se tive ou não um “Amigo invisível”, mas de uma coisa eu tenho certeza até hoje que é a de que acima de tudo eu sou muito amigo de mim mesmo.
                “Gugu dada”? Talvez... Brincadeira. Tanto a minha primeira palavra quanto a do meu irmão foram “o Zé”,  creio que seja por causa do meu avô (por parte de pai já falecido) que tinha bastante ligação conosco, principalmente com meu irmão que já era mais ‘grandinho’.

                  Mania de dar nome as coisas, a alguém ou a algo é natural do ser humano. Segundo minha mãe eu quando mais novo me apresentava como “Zezel” para as demais pessoas. Fofo né? Muito. E também eu tinha um tipo de ‘travisseirinho’, assim como acredito que um dia todos tiveram algo parecido. Mas o meu especialmente se chamava “Nhã-Nhã” (pra falar a verdade nunca tinha parado pra pensar como se escreve); e não tenho vergonha de admitir que em alguns momentos recentes ainda o trato como tal.

                    Medos... Sem dúvida somos cercados deles quando mais novo. E eu tinha vários como qualquer criança normal em fase de crescimento e/ou amadurecimento; mas tinha um em especial que eu acho até mesmo cômico lembrar: o carro da dengue! Eu tinha um medo mórbido daquilo. E sinceramente não sei se teria até hoje, até porque não se passa mais pelas ruas. Mas que o barulho daquilo era assustador.

                     Eu sempre fui uma pessoa muito interessada em aprender muitas coisas, brincadeiras novas entre diversas outras coisas; mesmo não tendo disposição para querer aprendê-las.  Meus pais não tinham muitas condições antigamente de me dar o que eu queria o que me obrigou a não pedir muitas coisas e a me contentar com pouco. O que sinceramente, acredito ser muito útil hoje, depois de “velho” a lutar por meus objetivos. Brincava muito de jogos simples como futebol de rua, pião, bolinha de gude, queimada, pique – esconde entre diversas outras coisas que me agradavam e me deixavam muito feliz.

                     Para muitos uma dúvida, para outros uma certeza. Pra mim uma certeza. E desde criança sempre fui incentivado a acreditar. Entretanto, depois de crescido meus pais nunca me obrigaram a acreditar em Deus; eu acredito por vontade própria. Respeito-o na medida do possível e ele sabe que infelizmente não sou perfeito para respeitá-lo por completo e nem a dádiva da vida que eu acredito ele ter me dado. Respeito muito quem não acredita e também quem acredita nele em partes. Não julgo, pois religião é algo que se passam os anos e cada vez se torna mais complexa.

                      Lembro-me do nome da minha primeira professora do “prézinho”, Rute. Porém não lembro suas características de caráter, até porque tinha 4 anos de idade e não tinha capacidade ainda para definir personalidades pessoais. Mas se for pra lembrar verdadeiros professores, e que com o tempo se tornaram realmente “os primeiros” são os ‘pais e mães’ do Universitas, poderia ficar escrevendo e escrevendo o quanto eles significam pra mim e suas diversas características marcantes, mas passaria o dia todo.

                      Fingindo estar passando mal na escola, teatralizando choro, sendo carregado no colo do meu pai aos prantos no meio da rua (ainda sim fingindo), já em casa sendo levado pro sofá. Minha mãe coloca a fita cassete do “Mogli – O Menino Lobo” pra eu assistir, me trazendo mingau e o Nhã-Nhã, é claro. Eis o dia em que eu descobri umas das melhores coisas em ser criança e ainda por cima o mais novo: a ‘mimação’! A mais antiga lembrança que eu consigo ter.

                      Falar da minha família sempre foi muito difícil pra mim, não por motivos tristes como excesso de discussões, separações entre os pais, bom convívio entre outros argumentos; considero uma família quase perfeita, não tenho do que reclamar nem de pai, mãe e irmão. Uma família que apesar das dificuldades, ‘trancos e barrancos’, sempre se deram muito bem. Um pai muito impulsivo e sossegado também; faz exatamente tudo pelo bem da família, exercendo assim a função de um chefe de família. Uma mãe companheira, prestativa, amorosa, carinhosa – resumindo – mãe. O maior ícone que inspira minha determinação em alcançar meus objetivos, a pessoa que eu tenho mais admiração nesse mundo, meu irmão. Uma pessoa totalmente sossegada, bondosa, e faz tudo pela família também. Às vezes muito mais do que deveria. Não tenho motivos pra reclamar da minha base familiar, e sou grato a Deus por ter escolhido as pessoas certas para estarem do meu lado.

                         Astronauta? Jogador de futebol? Óbvio! Eram meus objetivos maiores quando criança. Mas algo que eu achei digno citar, é que como antigamente meus pais passaram por um aperto de mais de 10 anos morando de favor, não tinha exatamente a ideia do que realmente era ter uma casa, algo que era nosso. Eu lembro claramente que eu colecionava plantas de apartamentos e casas que uns panfletadores davam seja na rua nos semáforos, e até mesmo prendiam nos limpadores de pára-brisas dos veículos estacionados na rua. Desde então eu comecei a criar o gosto de desenhar plantas de casas e apartamentos, então comecei a pensar em fazer arquitetura. No entanto esse desejo foi se esvaindo, com o tempo parei de desenhar e as coisas simplesmente mudaram.

                        Gosto de pensar que tenho utopias, pois “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar" – Eduardo Galeano, um notável escritor uruguaio disse isso uma vez, e aderi essa concepção pra minha vida. Por isso penso que se a utopia está acima do sonho no sentido de dificuldade, é mais proveitoso tentar alcançá-la para se concretizar um sonho. Meus sonhos não são tão exóticos, apenas ter uma vida simples e bem-sucedida, ter bons amigos, uma família eterna, ver meus filhos crescer e me esforçar o bastante para explorar o mundo e suas diversas culturas.

               Não gosto de pensar que tenho defeitos, mas sim pensar que eles ainda estão em desenvolvimento. Mas é claro que tenho vários, aliás, ninguém é perfeito. Por que seria diferente comigo?
               Daria a todos a capacidade de ter compaixão mútua com o próximo. Não obrigaria o amor, amor não se obriga; nasce com tempo, e é isso que eu passaria a acreditar que aconteceria. Não daria perfeição a ninguém, nem mesmo a mim. Mas daria a habilidade para todos conviverem com as imperfeições dos outros, pois acredito que só assim, um coexistindo com a imperfeição do outro o mundo se tornaria perfeito.




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