sexta-feira, 12 de abril de 2013

Dominantes e Dominados

Vivemos numa sociedade capita­lista. Na sociedade capitalista, existem muitas desigualdades. Basta ter olhos para ver. Uma minoria de pessoas concentra grande quantidade de bens materiais em seu poder: dinheiro, propriedades, mansões, carros, muita fartura e luxo. Por outro lado, a maioria das pessoas tem apenas o mínimo, e às vezes menos que o mínimo  para sobreviver. Vemos também muitas consequências trágicas desta sociedade: subnutrição, mortalidade infantil, doenças endêmicas, menores e idosos abandonados, desemprego, prostituição, analfabetismo, criminalidade, acidentes de trabalho, favelas..
É verdade que entre os dois gru­pos existem camadas médias, que costumamos chamar de "classe mé­dia". Mas esta "classe média" não é uma classe fundamental, quer dizer, não é ela que determina a natureza da sociedade capitalista.
Na sociedade capitalista as classes sociais fundamentais são: a burgue­sia e o proletariado.
A burguesia é a classe dos donos das fábricas, das fazendas, das mi­nas, do grande comércio, dos ban­cos etc. Enfim, são os proprietários particulares dos meios de produção, isto é, são os donos do capital. Por isso se chamam capitalistas. Estes meios de produção constituem um capital, porque são utilizados dentro de uma relação de exploração.
O nome ‘’burguesia’’ se deve ao fato de que, quando esta classe se formou, no fim do feudalismo euro­peu, tratava-se de comerciantes e pequenos industriais que viviam nas pequenas cidades (burgos). Não eram nobres, nem eram mais servos que lavravam a terra nos feudos. Eram um tipo de classe média que depois se transformou classe do­minante.
O proletariado é a classe dos que, não sendo proprietários dos meios de produção, só possuem como pro­priedade sua força de trabalho, que eles vendem por certo tempo à bur­guesia, em troca de um salário.
É verdade que, dentro do prole­tariado, existem trabalhadores que ganham mais que outros. Por exem­plo: um ferramenteiro ganha mais do que um ajudante. Mas tanto um como o outro vivem do seu traba­lho e se pararem de trabalhar, nem um nem o outro têm como sobre­viver. Por isso, os dois são prole­tários.
O nome proletário já era dado na antiga Roma às pessoas que não possuíam nada, a não ser sua prole, isto é, seus próprios filhos. No iní­cio da sociedade capitalista, o proletariado se formou de antigos servos que saíam dos feudos e vinham para os burgos sem possuir nada, e tam­bém de artesãos que não tinham mais condições de competir com as máquinas dos burgueses. Assim, os proletários são homens livres em dois sentidos: não estão mais presos aos feudos, e também não têm mais nada de seu a não ser a sua própria força de trabalho.
Portanto, na sociedade capitalista existe uma separação entre o capital e o trabalho. Quem trabalha dire­tamente não possui os meios de pro­dução, e quem possui os meios de produção não trabalha diretamente. A burguesia usa a força de trabalho dos proletários para fazer funcionar seus meios de produção, e assim produzir mercadorias para obter lu­cros. Com esse lucro, além de viver com muito conforto e luxo, os bur­gueses melhoram em quantidade e qualidade seus meios de produção, para produzir mais mercadorias e obter mais lucros.
Esse processo repetido todos os dias é o processo de acumulação de capital. O proletariado, pelo contrário, não acumula nada, ven­dendo-se todos os dias no mercado de trabalho, para poder viver, ou sobreviver, geralmente muito mal, com muitas dificuldades.
Os burgueses, portanto, contratam os proletários para trabalhar em suas empresas, por determinado salário, durante tantas horas por dia, e em certas condições previamente trata­das. Os trabalhadores concordam formalmente com este "livre" con­trato de trabalho.
Esse "livre" contrato de trabalho feito individualmente, é um contrato que se faz entre duas pessoas que ocupam posições muito diferentes dentro da sociedade. O burguês, proprietário dos meios de produção, está numa situação privilegiada para procurar a mercadoria força de trabalho, encontra uma abundância na oferta. Se um trabalhador não aceita suas condições, há vários ou mais ­outros, concorrendo entre si, e certamente a aceitarão. O êxodo rural que, por diversos motivos, sempre acompanha o surgimento da produção capitalista encarrega-se de formar um excedente de oferta de força de trabalho, um verdadeiro EXÉRCITO INDUSTRIAL DE RESERVA.
O proletário, proprietário apenas da sua força de trabalho, encontra-se numa posição bastante desvantajosa e fica entre a cruz e a espada, isto é, entre a exploração do patrão e a miséria do desemprego. Esta é a liberdade do trabalhador na socieda­de capitalista. Mas, para o burguês, o livre contrato de trabalho é uma liberdade sagrada dentro de sua economia de livre empresa.
Estas duas classes, a dos burgue­ses e a dos proletários, têm interesses que são objetivamente contrários e antagônicos, quer dizer, INTERESSES INCONCILIÁVEIS. "Objetivamente" significa que isto não depende da boa ou má intenção das pessoas. Os interesses destas duas classes são inconciliáveis por­que se uma ganha, a outra obriga­toriamente perde. O que é bom para uma classe é prejudicial para a outra.
A burguesia, que tem interesse em conservar sua situação privilegiada, tenta obscurecer o fato da divisão da sociedade em classes de interesses inconciliáveis, acenando para a ASCENSÃO SOCIAL, dizendo que o operário de hoje pode ser o patrão de amanhã. Mas a gente sabe que é quase impossível para o trabalhador assalariado conseguir a quantia necessária para montar uma pequena empresa. Além disso, mes­mo que alguns operários individual­mente mudassem de classe, nem por isso deixaria de existir a divisão da sociedade em classes de interesses inconciliáveis.

Desde que surgiu o capitalismo, muita gente percebeu que esse siste­ma produz grandes desigualdades e injustiças. Perceberam também que quanto mais a minoria burguesa vai enriquecendo, mais a maioria proletária vai afundando na pobreza e miséria. Enfim, muitas pessoas perceberam e denunciaram a explo­ração.
Mas qual é o mecanismo pelo qual se dá a exploração? Isto não aparece logo à primeira vista. Foram necessários muito estudo e pesquisa para responder a esta pergunta. Quem conseguiu desvendar o misté­rio foi Karl Marx.

Letícia Campos, nº14

Referências

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