sexta-feira, 29 de março de 2013

UM COMPOSTO QUÍMICO QUE MARCOU A HISTÓRIA

O cianeto é um composto químico que contêm o grupo ciano, C≡N, com uma ligação tripla entre o átomo de carbono e o átomo de nitrogénio. Existem dois tipos de cianetos: os cianetos iônicos e os cianetos covalentes, que são assim classificados conforme o modo como se ligam ao resto da molécula. Os cianetos iônicos se ligam a outros metais como sódio ou potássio, através do nitrogênio, e são muito tóxicos; já os cianetos covalentes se ligam através do carbono por ligações covalentes a outros ametais.

  • Cianeto: por que devemos temê-lo

         Os cianetos tem muita afinidade por metais, e ao entrarem em contato com o corpo humano, eles se juntam a cátions de metais de algumas enzimas importantes e não as deixam realizar suas funções. Os cianetos se ligam ao ferro de umas enzimas que são muito importantes para a respiração, e isso acaba obrigando o organismo a começar a “respirar” anaerobiamente e fazer fermentação lática. Com isso, as células ficam com falta de oxigênio e seu organismo cheio de ácido lático. Se o cianeto intoxicar as células do sistema nervoso a pessoa pode morrer e a pessoa não consegue mais respirar.
         Os sais de cianeto são cáusticos (substância alcalina que causa corrosão ou queimadura química). Alguns sintomas como agitação, dor de cabeça, náusea, desmaio, confusão, são causados por ingestão de uma baixa concentração de cianetos,  já altas concentrações de cianetos podem causar hipertenção, descoordenação de movimentos, convulsões, comas e disfunção cardíaca, que pode ser fatal. Também podem inibir a captação de iodo pela glândula tireóide e provoca o bócio.


  • Cianeto: utilidades no dia a dia

         Pastilhas de cianetos são usadas na agricultura, no combate de pragas. Essas pastilhas são embaladas à vácuo e enquanto estão sem o contato com o ar, não há problema, mas assim que o ar entrar na embalagem, começa a sublimação e liberação gases de cianeto.
Na indústria, o cianeto é usado na revelação fotográfica, produção de plásticos, colas instantâneas, douração de certos metais.
O cianureto é encontrado na natureza em diversas plantas, como nas sementes lenhosas de algumas frutas, e em uma variedade da mandioca, vulgarmente chamada de mandioca-brava: uma planta sul-americana altamente tóxica quando in natura, mas sua raiz é muito consumida e apreciada na forma de farinha torrada, quando perde suas toxinas. 

  • Cianeto: participações no holocausto

Nos campos de extermínio nazistas da Segunda Guerra Mundial foi usado um gás tóxico à base de cianeto, conhecido como Zyklon B  ("Ciclone B") nas câmaras de gás. Criado originalmente como um pesticida para a eliminação de piolhos e pulgas, o Zyklon B acabou sendo usado para o extermínio de seres humanos. Também nesse período, era ingerido para cometer suicídio. Ao ser ingerido provoca ardência na boca, rigidez do maxilar inferior, constrição da garganta, salivação, náuseas e vômitos.
Acredita-se que o próprio Adolf Hitler possa ter se suicidado com um cianeto, no fim da guerra, mas a verdade sobre seu suicídio nunca foi totalmente esclarecida. 

  • Cianeto: outras utilidades mortais

Câmara de gás
Nos Estados Unidos, cápsulas concentradas de cianeto foram a forma de aplicação da pena de morte. Na câmara de gás que funcionava na prisão de San Quentin, estado da Califórnia, as cápsulas eram derramadas em um balde contendo ácido, liberando assim os vapores mortais. Como a aspiração dos vapores provocava uma morte dolorosa e relativamente lenta, esse método de execução caiu em desuso.

Cianetos foram estocados em arsenais de armas químicas, tanto na União Soviética quanto nos Estados Unidos, nas décadas de 1950 e 1960. Durante a Guerra Fria, a União Soviética planejou o uso de cianeto de hidrogênio como uma arma de blitzkrieg (guerra-relâmpago) para eliminar a resistência das linhas inimigas, contando que o gás se dissiparia, permitindo posterior acesso às áreas capturadas. Contudo, o cianeto não é considerado eficaz para uso militar, visto que é mais leve que o ar e é necessária uma elevada dosagem para incapacitar ou matar.

  • Cianeto: tragédia em Santa Maria

Espuma usada no revestimento das paredes da boate
No dia 27 de janeiro de 2013 houve um incêndio em uma boate na cidade do Rio Grande do Sul, Santa Maria. Acredita-se que grande parte dos frequentadores da boate Kiss morreram intoxicadas pelo cianeto inalado que foi produzido pela queima da espuma sintética de cor escura empregada no isolamento acústico da casa noturna. Há materiais resistentes ao fogo usados nesse tipo de revestimento, mas na boate foi usado material mais barato, que propaga o fogo rapidamente e, em contato com o fogo, exala a fumaça tóxica. A espuma foi encontrada em aproximadamente um terço da boate.

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