sábado, 1 de junho de 2013

Guy Fawkes – O rosto da revolução



   Revolta, anarquismo. Caos. Alan Moore e David Lloyd, respectivamente, roteirista e desenhista de V de Vingança, foram os maiores responsáveis por trazer o rosto de Guy Fawkes para o universo do entretenimento. Hoje, a mascara do “Codinome V” é usada como símbolo de revolução, mas será que isso é graças ao verdadeiro Fawkes ou à lenda criada ao seu redor? Vamos contar a verdadeira história do homem que virou símbolo de uma história, a Conspiração da Pólvora.


   O inglês de nome incomum nasceu na cidade de York em 1570. Perdeu o pai logo aos oito anos e sua mãe veio a se casar novamente alguns anos depois com um homem tradicionalmente católico. Acredita-se que a companhia dos parentes, a escola e os amigos tenham influenciado para o caráter fortemente religioso de católico recusante (linha do catolicismo “recusava” a igreja inglesa e seguia os princípios da igreja romana).


   Como naquela época não existia “Pai Rico, Pai Pobre”, Guy decidiu vender as terras que havia herdado de seu pai e partir para a guerra. Foi então que ele viajou até o continente para lutar na guerra dos 80 anos, defendendo a Espanha católica contra a nova Republica da Holanda. Como soldado, ele se especializou em explosivos e aproveitou os novos ares para mudar seu nome para Guido Fawkes (numerologia terrorista?). É bom lembrar que na época, mesmo que não houvesse nenhuma movimentação militar, a Inglaterra e a Espanha estavam oficialmente em guerra.

   Então porque Guy Fawkes viajou para defender os espanhóis? O que ele realmente queria era buscar apoio para iniciar uma rebelião católica na Inglaterra. Ele descrevia o Rei Inglês Jorge I como um “Herege” pelo fato de Vossa Majestade ser protestante. Mas, porém, contudo, todavia, acontece que a galera ficou no “deixa disso Fawkes”, relaxa aí. No fim das contas, Guido voltou para a Inglaterra sem ajuda nenhuma, mas com uma bela experiência militar em explosivos que viria a lhe ser útil.


   Mas ele não seria um símbolo de revolução caso desistisse tão facilmente do terrorismo religioso. Já na Inglaterra ele se envolveu com um pequeno grupo de católicos que tinham uma pequena ambição: MATAR O REI, que era protestante, e substituí-lo pela princesa Elizabeth I, que era a terceira na linha de sucessão e restaurar o poder da igreja católica na coroa inglesa. Para tanto, os nove conspirantes se encontraram em uma taberna para bolar um plano.

   O plano infalível, era esconder discretamente 36 barris de pólvora no subsolo do parlamento e explodi-los quando o Rei estivesse presente em uma das sessões parlamentares. A execução do plano aconteceria no dia 5 de Novembro de 1605, e caberia a Guido Fawkes, que provavelmente tirou o menor palitinho e era o expert em explosivos, ficar escondido ao lado dos barris para acender o pavio da bomba no momento certo. O plano ficaria conhecido como a “Conspiração da Pólvora”. 

   Fawkes foi descrito por um de deus colegas de atentado como “um homem altamente qualificado em questões de guerra”, além de “um homem de ação, bastante inteligente, com resistência física capaz de surpreender o inimigo”.

   Mas os conspirantes encontraram um pequeno problema em seu plano, muitos dos políticos que estariam presentes na sessão eram defensores do catolicismo. A brilhante solução foi enviar cartas anônimas a estes representantes para que eles não comparecessem no dia 5 de novembro no parlamento. Obviamente, uma das cartas acabou chegando às mãos do rei que por sua vez, mandou que revistassem o local antes do horário. Os guardas encontraram Guido guardando explosivos esperando pelo horário do atentado e assim ele foi preso, o plano falhou e o Rei continuou vivo.

   Após dias de tortura, Fawkes se identificava com John Johnson, admitindo a existência do complô, lamentando pelo fracasso do atentado e não revelando o nome de nenhum conspirador. Quando lhe perguntaram sobre porque ele precisava de 36 barris de pólvora, ele respondeu “Para explodir todos vocês desgraçados bêbados de scotch de volta para as montanhas sujas de onde vieram”. Toda essa força foi reconhecida pelo rei que chegou a dizer que ele tinha uma “Resolução Romana”. Mas como a vida não é um filme produzido pela Disney, o Rei Jorge I não ficou sensibilizado e mandou que seguissem com as torturas.

   Eventualmente ele não pode mais resistir aos castigos e revelou o nome dos outros oito participantes da Conspiração da Pólvora. Sua assinatura no documento de confissão é mais uma evidência do sofrimento que ele passou durante o período de interrogatório.

   Os conspiradores foram condenados a serem estripados e esquartejados, para que seus membros servissem de comida para os pássaros, antes de serem decapitados. Mas antes de chegarem ao local da execução, Fawkes se desvencilhou dos guardas, pulou de um beiral e caiu propositalmente de cabeça no chão para quebrar o pescoço e não ter que enfrentar a tortura final. Mesmo assim, o rei ordenou que seu corpo fosse mutilado junto com os outros.


   Os ingleses são irônicos ao dizer que Guy Fawkes foi “o único homem que entrou no parlamento com intenções honestas”.

   Então, no dia 5 de novembro, o povo inglês foi encorajado a acender fogueiras para comemorar o dia em que o rei escapou de um atentado. A tradição manteve-se e hoje a data é conhecida como a “noite das fogueiras”. Posteriormente, em 1650, incorporou-se a queima de fogos de artifício e música ao evento, a letra de um trecho da canção segue abaixo.


Tradução:
“Lembrai, lembrai, o cinco de novembro
A pólvora, a traição e o ardil;
por isso não vejo porque esquecer;
uma traição de pólvora tão vil”


   Até hoje, quando a rainha vai uma vez por ano ao parlamento, o subsolo é revistado por segurança. Este é o legado de Guy Fawkes, um homem com um ideal diferente do que é pintado na indústria do entretenimento, mas que de qualquer maneira “lutou e morreu por aquilo que acreditava”.




Influências:


Manifestantes do grupo Anonymous
utilizando máscaras de Guy Fawkes no
modelo apresentado na série V de Vingança.
  Frequentemente Fawkes é referido com o título irônico de ser "o único homem que entrou no parlamento com intenções honestas". Sua imagem acabou se tornando um símbolo de rebelião e até da anarquia, apesar dele ter lutado por uma causa considerada católica e defesa do direito monárquico dos Stuart sobre o trono Britânico.


    V de Vingança, com roteiro de Alan Moore e arte de David Lloyd, possui influências da "Conspiração da Pólvora". A história começa após o fim do conflito político, com os campos de concentração desativados e a população complacente com a situação, até que surge "V" — um Anarquista que veste uma máscara estilizada de Guy Fawkes e é possuidor de uma vasta gama de habilidades e recursos. Ele então inicia uma elaborada e teatral campanha para derrubar o Estado.




   Outra influência é encontrada em pelo menos dois dos livros da saga Harry Potter: em “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, no primeiro capítulo, a história é explicitamente citada quando dois locutores de televisão, ao anunciarem uma chuva de estrelas observada anormalmente no céu, atribuem a sua origem a uma provável comemoração antecipada da Noite das Fogueiras; e em “Harry Potter e a Câmara Secreta”, no capitulo doze, uma fênix é chamada de Fawkes, tentando traçar um paralelo entre o mito da fênix que, após morrer renasce das suas próprias cinzas, e a necessidade do renascimento social, cultural e político em Inglaterra, concretizável caso a revolução fosse adiante.


   No vídeo-jogo Fallout 3, um dos personagens utiliza o nome Fawkes. Quando questionado sobre o porquê da escolha do nome, responde que era o nome de alguém "...que lutou e morreu por aquilo em que acreditava."





V de Vingança - O Discurso na TV:



V de Vingança - Apresentação de V e O Recital:




Texto Retirado de:
 http://bunkernerd.com.br/guy-fawkes-o-rosto-da-revolucao/
Link do vídeo do Discurso: http://youtu.be/9ybghSIJRmw
Link do vídeo do Recital: http://youtu.be/m-4od7CiknI

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