quarta-feira, 19 de junho de 2013

DARWINISMO





Hoje, percebe-se que a complexidade da cultura humana tem concorrido para limitar a ação da lei de seleção natural, proposta por Charles Darwin. A adaptabilidade do homem e a sua dependência cada vez menor em relação ao meio têm transformado o ser humano numa espécie à qual a seleção natural se aplica de maneira especial e relativa. Mesmo autores que continuam aceitando a ideia de que as leis de evolução explicam parte das escolhas realizadas pelo homem, admitem que o entendimento de como essa lei age deve se basear em critérios amplos, flexíveis e relativos que deem conta da maravilhosa diversidade humana.
O darwinismo social tornou-se um argumento a favor do individualismo econômico e político, contra o intervencionismo do Estado, justificativa para as ações europeias sobre a África e a Ásia, num contexto dado pelo mais forte ou mais evoluído.
Um exemplo de reflexo é a situação atual da África. Mesmo seu passado não sendo o único motivo de sua pobreza extrema, o continente africano ainda sofre devido às ações passadas dos europeus. Além disso, os negros também sofrem reflexos do que foi feito a eles no passado. Já foi comprovado através de pesquisas que negros recebem menos do que brancos.
A partir de então, os europeus difundiram a ideia de que o imperialismo, ou neocolonialismo, seria uma missão civilizatória de uma raça superior branca europeia que levaria a civilização (tecnologia, formas de governo, religião cristã, ciência) para outros lugares. Segundo o discurso ideológico dessas teorias raciais, o europeu era o modelo ideal/padrão de sociedade, no qual as outras sociedades deveriam se espelhar. Para a África e a Ásia conseguirem evoluir suas sociedades para a etapa civilizatória, seria imprescindível ter o contato com a civilização europeia.
O Brasil também viveu sua efervescência neste panorama darwinista social, nas ultimas décadas do século XIX. À medida que seja promovido um branqueamento da população, a fim de erradicar a mistura de “cores” e eliminar a miscigenação peculiar do povo brasileiro. E como seria feito isso? Promovendo incentivo á imigração de trabalhadores estrangeiros, mais especificamente á europeus (italianos, alemães, espanhóis, poloneses, ucranianos), como medida pra forja o branqueamento da sociedade brasileira. O século XX marca uma nova etapa neste cenário, os discursos perderam forças, agora a dita mistura racial, que mais tarde a própria biologia moderna vai constatar que não existe diversidade de raças. Que todos nós fazemos parte de uma única raça humana consegue enxergar benefícios nesta mistura. Então a partir daí o samba, o violão, o frevo e a capoeira começaram a ter identidade e foram sendo descriminalizado, e ganhando contorno de aspecto cultural. Entretanto no mundo inteiro houve quem se opôs há essa tendência perversa de exclusão social. Na obra “Ajuda Mútua: Um Fator de Evolução,” é reforçada a ideia de solidariedade entre pessoas, etnias, e que luta para sobreviver é tão benéfico, quando estimula a competição entre grupos.
            O capitalismo selvagem nos dias atuais retrata bem o modelo concebido pelo darwinismo social. Temos como pano de fundo, três pessoas mais ricas do mundo cujo seu montante ativo é maior que o recurso de 48 países mais pobre de uma população de 600 milhões de pessoas, ainda 257 pessoas tem mais valores acumulativo que 2,8 bilhões de pessoas isso significa 45% da humanidade; isso sem dizer e se nossa estatística não nivelar por baixo, cerca de um bilhão passa fome e 2,5 bilhões estão a baixo da linha da pobreza. Já no Brasil podemos afirmar com segurança que 5 mil famílias detêm 46% da riqueza nacional. É fácil de perceber que o modelo social elaborado no primórdio da modernidade, e despontava para seus percussores como modelo social para conquistar o mundo através do acumulo de riqueza privada, diante do caos estalado e por questão de bom senso, não pode ser mais visto como uma alternativa econômica. Infelizmente alguns lideres mundiais não atentaram pra isso, do governo brasileiro em seu Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estar alheio e ainda busca uma forma de racionalização do irracional. Não é preciso de um governo que se utiliza de frases de efeitos para garimpar votos ao invés de propor um programa que respeite o planeta terra, e que minimize a covardia social. Com altruísmo e compaixão não deixará que os fracos sejam vítimas da seleção natural.Pois cada pessoa é mais que um produtor e um consumidor. É único no universo, portador de uma mensagem a ser ouvida e é membro da grande família humana. Isso não é uma questão apenas de política, mas de ética humanitária, feita de solidariedade e de compaixão.


Bruno Nunes, Assovio A Jato.

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