Hoje, percebe-se que a complexidade da cultura
humana tem concorrido para limitar a ação da lei de seleção natural, proposta
por Charles Darwin. A adaptabilidade do homem e a sua dependência cada vez
menor em relação ao meio têm transformado o ser humano numa espécie à qual a
seleção natural se aplica de maneira especial e relativa. Mesmo autores que
continuam aceitando a ideia de que as leis de evolução explicam parte das
escolhas realizadas pelo homem, admitem que o entendimento de como essa lei age
deve se basear em critérios amplos, flexíveis e relativos que deem conta da
maravilhosa diversidade humana.
O darwinismo social tornou-se um argumento a
favor do individualismo econômico e político, contra o intervencionismo do
Estado, justificativa para as ações europeias sobre a África e a Ásia, num
contexto dado pelo mais forte ou mais evoluído.
Um exemplo de reflexo é a situação atual da
África. Mesmo seu passado não sendo o único motivo de sua pobreza extrema, o
continente africano ainda sofre devido às ações passadas dos europeus. Além
disso, os negros também sofrem reflexos do que foi feito a eles no passado. Já
foi comprovado através de pesquisas que negros recebem menos do que brancos.
A partir de então,
os europeus difundiram a ideia de que o imperialismo, ou neocolonialismo, seria
uma missão civilizatória de uma raça superior branca europeia que levaria a
civilização (tecnologia, formas de governo, religião cristã, ciência) para
outros lugares. Segundo o discurso ideológico dessas teorias raciais, o europeu
era o modelo ideal/padrão de sociedade, no qual as outras sociedades deveriam
se espelhar. Para a África e a Ásia conseguirem evoluir suas sociedades para a
etapa civilizatória, seria imprescindível ter o contato com a civilização
europeia.
O Brasil também viveu sua efervescência neste
panorama darwinista social, nas ultimas décadas do século XIX. À medida que
seja promovido um branqueamento da população, a fim de erradicar a mistura de
“cores” e eliminar a miscigenação peculiar do povo brasileiro. E como seria
feito isso? Promovendo incentivo á imigração de trabalhadores estrangeiros,
mais especificamente á europeus (italianos, alemães, espanhóis, poloneses,
ucranianos), como medida pra forja o branqueamento da sociedade brasileira. O
século XX marca uma nova etapa neste cenário, os discursos perderam forças,
agora a dita mistura racial, que mais tarde a própria biologia moderna vai
constatar que não existe diversidade de raças. Que todos nós fazemos parte de
uma única raça humana consegue enxergar benefícios nesta mistura. Então a
partir daí o samba, o violão, o frevo e a capoeira começaram a ter identidade e
foram sendo descriminalizado, e ganhando contorno de aspecto cultural.
Entretanto no mundo inteiro houve quem se opôs há essa tendência perversa de
exclusão social. Na obra “Ajuda Mútua: Um Fator de Evolução,” é reforçada a
ideia de solidariedade entre pessoas, etnias, e que luta para sobreviver é tão
benéfico, quando estimula a competição entre grupos.
O
capitalismo selvagem nos dias atuais retrata bem o modelo concebido pelo
darwinismo social. Temos como pano de fundo, três pessoas mais ricas do mundo
cujo seu montante ativo é maior que o recurso de 48 países mais pobre de uma
população de 600 milhões de pessoas, ainda 257 pessoas tem mais valores
acumulativo que 2,8 bilhões de pessoas isso significa 45% da humanidade; isso
sem dizer e se nossa estatística não nivelar por baixo, cerca de um bilhão
passa fome e 2,5 bilhões estão a baixo da linha da pobreza. Já no Brasil
podemos afirmar com segurança que 5 mil famílias detêm 46% da riqueza nacional.
É fácil de perceber que o modelo social elaborado no primórdio da modernidade,
e despontava para seus percussores como modelo social para conquistar o mundo
através do acumulo de riqueza privada, diante do caos estalado e por questão de
bom senso, não pode ser mais visto como uma alternativa econômica. Infelizmente
alguns lideres mundiais não atentaram pra isso, do governo brasileiro em seu
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estar alheio e ainda busca uma
forma de racionalização do irracional. Não é preciso de um governo que se
utiliza de frases de efeitos para garimpar votos ao invés de propor um programa
que respeite o planeta terra, e que minimize a covardia social. Com altruísmo e
compaixão não deixará que os fracos sejam vítimas da seleção natural.Pois cada
pessoa é mais que um produtor e um consumidor. É único no universo, portador de
uma mensagem a ser ouvida e é membro da grande família humana. Isso não é uma
questão apenas de política, mas de ética humanitária, feita de solidariedade e
de compaixão.
Bruno Nunes, Assovio A Jato.
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